A guerra de mil anos, estreia do autor alagoano Wibsson Ribeiro, reúne três contos marcados pela experimentação autoficcional e por diferentes modos de encarar o esgotamento – da linguagem, das relações e das cidades. No primeiro, três jovens de Maceió se instalam em São Paulo e passam os dias entre trabalhos precários, descompassos afetivos e a tensão constante que emana do centro da cidade. A narrativa se concentra num único dia, culminando em um episódio violento no bairro de Santa Cecília. A escrita, seca e atenta aos pequenos gestos, tenta dar forma ao torpor e à ameaça que habitam o cotidiano contemporâneo.
No segundo conto, o cenário é Maceió, onde um professor da rede pública inicia uma conversa perturbadora com uma entidade que talvez seja espiritual, talvez demoníaca. A história se constrói a partir de colagens e citações literárias, num tom que oscila entre o delírio místico e a exaustão intelectual. Já o último conto assume a forma de um diário, escrito por um narrador melancólico que atravessa dias ensolarados à maneira dos filmes de Éric Rohmer, nos quais o desamparo parece sempre escondido sob a luz. Três narrativas que, cada uma a seu modo, buscam uma forma de narrar diferentes experiências de falência - pessoal, histórica e ficcional.
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