Se a maior parte da prosa de ficção hoje atribui aos personagens nauseantes papéis menores de destinatários de julgamentos – feitos pelos próprios autores que os imaginaram –, Flávio Ilha pode ser considerado um escritor dissonante. Em ‘Senhor Cão’, quem deve julgar é o leitor, e o alvo é o próprio personagem sem o qual não haveria narrativa.
O romance se constrói em torno de um protagonista condenável, cuja existência se afirma pela régua da opressão. Mas se os homens monstruosos aterrorizam, é porque não cabem em estampas; são intrincados e, inevitavelmente, estão atravessados pela própria história.
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